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A morte de Henrico
06.abr.2024

A morte de Henrico

Em meio às pedras naufragava o seu infeliz barco, era noite, a lua entrava em seus aposentos entre as nuvens, ó triste Henrico, até a lua te abandonou nesta triste noite.
Uma penumbra donde a esperança parecia uma criança brincalhona, ela via vagamente e se ia intensamente, aquilo o afligia mais que seus muitos ferimentos. Ali estava ele tentando adentrar em uma caverna, a maré alta agitava o seu coração, tudo se fazia e desfazia com uma intensidade incrível.


Uma pedra e uma enchente.


Henrico dormia em seus devaneios....

De repente ele se encontra em sua casa, sua esposa, seus filhos estavam lá. Além do sentimento de saudade, ele sentia que pudesse refazer todas as coisas.

Ele sentava com seus filhos e brincava e se divertia...


Com um passe de mágica ele se via criança em seus tempos de mocidade. Belo tempo em que saia da casa de sua avó, pegava leite na estrada e brincava com seus parceiros. Henrico pode ver os seus traumas de infância, seja pela pobreza, miséria, maus tratos, tudo via que seria possível mudar, não conseguiu. Ele tinha um forte desejo de corrigir, mas viu que sua vida havia valido a pena, suas dores infantis e suas quedas o fizeram crescer embora tivesse ao longo do tempo feridas abertas que por mais que tentasse não cicatrizavam.......

Ah a sua adolescência tempos sombrios... ao jovem Henrico quisera ele nunca voltar nessa tempestade..... ele se sentia tão fraco contra o mundo tão brutal. No auge de sua mocidade planejava ser cientista ou algo do tipo, tentou e tentou, infelizmente desistiu, embora tivesse aptidão para aquilo por forças econômicas teve que trabalhar como engraxate, se orgulhava de seu trabalho, pois era justo.

Uma nova enchente chegava.


Sentado em um jardim junto com sua amada, pegava em mãos e sorria seu ao lado. Ó bela tarde de primavera.. briza agradável e sol sorridente em frente as flores que o adorava. Dizia a ela as melhores coisas, suas frustrações se desfaziam com aquela magia que enchia seus peito de uma forma que nunca sentiu na vida, de uma forma em que todos os homens deviam se sentir uma vez na vida. Sentiu ali o presságio da eternidade, onde tudo é belo.

Via-se diante de suas mágoas, injustiças, frustrações, enfim feridas que parecem que jamais vão se fechar, mesmo com o mais intenso tratamento, se via diante do madeiro e tudo se desfazia... tudo elevado ao nada e o seu nada elevado ao Tudo. Ah que maravilha....!


Chegava uma nova onda... tudo se encerrava aos seus olhos, mas seu coração batia com suas fortes asas. Ele sorria, seus sangramentos tinham um novo sentido, em meio às ondas e pedras da vida ele sorria, ele brincava.


De repente um raio de luz rasgava o céu.


Edilson Joel

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